quarta-feira, 15 de junho de 2011



“Ele disse que era homossexual aos 18 anos. ‘O que faço?’, pensei. Mas disse: ‘Está bem, mas só não me traga homem para dentro de casa’.’’
 Maria do Carmo Manfredini
Na semana em que o roqueiro faria 40 anos, amigos contam quando e com quem ele contraiu Aids e a família relata a história de Giuliano, o filho que chegou a ser noticiado como adotado


Cláudia Carneiro e André Barreto



Foi inspirado em Léo que Russo criou “Eduardo e Mônica”, seu primeiro grande sucesso. “Chegamos a brigar por telefone porque ele queria parar de tomar os remédios que o mantinham vivo”, conta ela, artista plástica, 41 anos. Léo morava no Equador e fez as pazes com Russo um dia antes de sua morte. Ele lhe telefonara para ler a letra de “Uma Outra Estação”, que havia composto para a amiga – à época, ela morava perto dos vulcões citados na música. No dia seguinte, Léo voltou a ligar. Só o ouviu na gravação da secretária eletrônica. Renato Russo tinha morrido. A notícia foi dada a ela pelo ex-marido, o jornalista Geraldinho Vieira, também amigo de Russo.
Outro amigo, o empresário musical Luiz Fernando Borges, lembra que, no início de 1996, Renato fez uma despedida. Tomou um “porre homérico”, bebendo cinco dias sem parar. Logo depois, passou a tomar o coquetel anti-HIV. Borges nunca ouviu Renato dizer que tinha medo da morte, mas se irritava com os medicamentos. “Ele tinha muitas dores no estômago e enjôos”, recorda. Até hoje, ele vai ao apartamento do amigo. “O quarto dele está igualzinho. Os móveis, os quadros, está tudo lá.” Parte disso deve ser transferido para o memorial do cantor que será construído em Brasília. Borges teve autorização para fazer um documentário sobre Russo.